SER Renováveis

Buscando uma economia de baixo carbono, quando se fala de uso de Energia Elétrica Renovável – EER na substituição de combustíveis de origem fóssil, existe uma grande quantidade de rotas possíveis para se evitar a emissão de Gases de Efeito Estufa – GEE.

Dentre elas podemos estabelecer uma hierarquia de prioridades que indica o quão promissora é cada uma das rotas alternativas. Embora o custo seja o critério determinante para qualificar cada uma dessas rotas, quando essas rotas ainda se encontram em desenvolvimento (tecnologias não maduras), existe uma incerteza grande quanto ao custo, devido a inovações e desenvolvimentos que estão em curso. Tão maiores serão as incertezas quanto menos maduras estiverem as tecnologias.

Para hierarquizarmos as prioridades de cada possível rota, partindo da EER devemos considerar critérios técnicos, políticos, ambientais e econômicos entre outros. Como critérios técnicos, destacam-se eficiência energética, segurança, confiabilidade, maturidade, porte (escala) e vida útil da tecnologia. Entre os critérios políticos, temos a importância estratégica para o país e o estabelecimento de marcos regulatórios para a tecnologia. Temos ainda critérios ambientais, como a demanda de recursos naturais (na instalação e no uso da tecnologia) e impacto ambiental ao longo do ciclo de vida da tecnologia. Por fim, temos critérios econômicos como tamanho do mercado, custo estimado presente e futuro (CAPEX e OPEX) da tecnologia.

Considerando esses critérios, mesmo com incertezas associadas a cada rota, podemos definir certas orientações e prioridades:

  1. Em aplicações estacionárias, sempre que possível, o uso direto da EER para a produção de potência mecânica é mais promissor que o do Hidrogênio Verde – H2V.
  2. O mercado para o H2V é fortemente superestimado quando nele é incluída a substituição de todo o Hidrogênio utilizado no refino (55% do atual consumo de Hidrogênio no mundo).
  3. O uso direto da energia elétrica via baterias no transporte de pequeno porte é mais promissor que através do armazenamento em H2V.
  4. O uso estacionário da EER para eletrotermia é mais promissor que o uso do H2V para produzir calor.
  5. O Metano deverá participar ainda por longo tempo da matriz energética nacional e mundial produzindo potência elétrica, calor e como insumo em processos na indústria química e de fertilizantes.
  6. O uso de H2V na indústria química, especialmente na produção de Amônia como insumo para a produção de fertilizantes através do processo Haber-Bosch, está entre as aplicações potencialmente mais relevantes, embora essa rota, já madura, compita com a Síntese Eletrolítica direta, que é outra rota muito promissora, mas ainda em desenvolvimento.
  7. O armazenamento de EER em baterias – BESS tem apresentado uma evolução tecnológica mais rápida e promissora que o armazenamento na forma de H2V.
  8. Quando existir topografia favorável, o armazenamento por Usinas Hidrelétricas Reversíveis – UHR em grande escala ainda é o mais econômico e eficiente.
  9. O uso de H2V como combustível no transporte naval deverá estar viabilizado antes do transporte marítimo desse energético para outros mercados.

Sujeito a essas diretrizes, o H2V pode ainda vir a ser um bom candidato para aplicações em nichos específicos, conhecidos como sendo de “difícil abatimento”. Nesse cenário podemos incluir a Amônia Verde, a produção de Metanol Verde como insumo na produção de Biodiesel, ou mesmo como Combustível Verde, conhecido como e-fuel, em veículos de grande porte.

Professor Mario Olavo Magno de Carvalho | Consultor da SER
A SER RENOVÁVEIS incentiva ativamente o debate sobre temas relacionados aos seus negócios, pois acreditamos que isso contribui para enriquecer as discussões. Portanto, é importante destacar que as opiniões expressas por nossos articulistas não refletem, necessariamente, a posição oficial da empresa.