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Frequentemente aplicado em larga escala na indústria, a eletrólise consome grande quantidade de energia elétrica. Esse processo busca a separação de componentes de uma substância química através da quebra de sua ligação iônica por uma corrente elétrica.

Na indústria de cloro-álcalis, apenas em 2013 no Brasil, foram utilizados 4.006 GWh de energia elétrica para a produção de 1.248 mil toneladas de cloro, através da eletrólise aquosa (a partir de um eletrólito solúvel em água). Isso corresponde a um consumo de 3,2MWh por tonelada de cloro produzido, conforme dados da Abiclor. A energia elétrica é o principal insumo nessa indústria eletrointensiva representando cerca de 45% do custo final de produção. Além do cloro e do hidróxido de sódio, essa indústria também produz o H2V como subproduto[1].

O cloro e seus derivados estão entre os produtos mais usados pela indústria química. O hidróxido de sódio (soda cáustica), outro produto dessa indústria, encontra também larga aplicação na indústria, tendo forte participação na fabricação de papel, e do PVC. Além disso, a soda cáustica é um insumo importante na produção de alumínio e em toda a cadeia do lítio, cuja exploração está em franca expansão devido ao seu uso em baterias.

A eletrólise ígnea (a partir de um eletrólito fundido) é frequentemente utilizada para a extração e purificação de substâncias não ionizáveis em água. Entre suas aplicações mais importantes podemos citar a produção de Alumínio (15 MWh/t Al), a purificação do Cobre (4 MWh/t Cu) e a produção de outros metais como Níquel, Nióbio e Lítio.

De acordo com o BEN, o setor de mineração responde por cerca de 2% do consumo de energia elétrica no país, sendo que boa parte dessa energia é destinada diretamente à separação química por eletrólise e aos processos de beneficiamento, separação física e purificação de minérios.

A produção do H2V por eletrólise consome cerca de 65 MWh/t H2 (com um rendimento inferior a 65%). Sua utilização em aplicações industriais pode ser considerada uma rota indireta para o uso de energia elétrica renovável (EER) na indústria, contribuindo para a descarbonização da economia. Esse mesmo propósito pode ser alcançado pelo uso direto da energia renovável na indústria, por exemplo, através da eletrólise. Resta determinar qual dessas rotas alcança o melhor desempenho na redução das emissões de gases de efeito estufa em relação a quantidade de EER utilizada.

Embora se dê muita ênfase ao papel do H2V na descarbonização da economia, um mercado mais direto e eficiente para o uso da EER com esse propósito poderia ser o da produção industrial de alumínio, cloro e derivados, cobre e outros produtos eletrointensivos, tornando-os “mais verdes” e buscando, inclusive, o mercado de exportação.

Se considerarmos a distribuição geográfica dos recursos energéticos renováveis e minerais no país, poderemos identificar nichos de mercado para a utilização da EER, especialmente daquelas provenientes de fontes solar e eólica.


[1] Segundo a Abiclor, as indústrias brasileiras de Cloro-Álcalis, têm capacidade para produzir 40 mil toneladas de H2V por ano.

Professor Mario Olavo Magno de Carvalho | Consultor da SER

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