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Toda tecnologia de produção ou uso de energia tem uma eficiência associada que é medida durante a sua operação. Menos conhecida é a eficiência que leva em conta a análise do ciclo de vida dessa tecnologia. Isso é, que considera também a energia dispendida na confecção e instalação da tecnologia ou mesmo no seu descomissionamento, que são as providências necessárias para mitigação de impactos ambientais e recuperação de áreas degradadas pela tecnologia ao final de sua vida. Está claro que não é uma tarefa fácil fazer esse cálculo que, além de complexo, ainda é  dinâmico no tempo.

Um painel fotovoltaico, por exemplo, consome grande quantidade de energia em sua confecção, podendo chegar próximo de 10% do que produz durante sua vida. O tratamento e destinação dados ao painel fotovoltaico, quando do seu descomissionamento, também implica em consumo energético. Toda essa energia dispendida fora do período de operação de uma tecnologia é por vezes importante e deve ser considerada no cômputo da eficiência energética tomada ao longo do seu ciclo de vida.

De forma análoga pode ser mostrado que a emissão de GEE também ocorre fora do período de operação de uma tecnologia de geração de energia, ou seja, durante o seu período de produção e de descomissionamento. Isso acontece mesmo no caso de energias ditas “renováveis”. Dessa forma, para rotularmos uma tecnologia de energia como sendo totalmente renovável, deveríamos garantir a não existência de energia fóssil utilizada em toda a sua cadeia de produção, transporte ou de destinação final (ao término de sua vida). A rigor, nenhuma tecnologia de energia é 100% renovável e quando assim a chamamos, como no caso de geração fotovoltaica, eólica e hidrelétrica, estamos desprezando ou omitindo a emissão de GEE.

A medida da emissão de GEE é dada pela razão entre a massa de CO2 liberada e a energia produzida [gCO2/KWh]. Na produção de módulos fotovoltaicos, por exemplo, são emitidos cerca de 40gCO2/KWh produzido ao longo de sua vida útil. Cálculos equivalentes feitos para a geração eólica on shore mostram uma emissão de 10gCO2/KWh e de 25gCO2/KWh, no caso de geração off shore. Apenas como referência, uma Usina Termelétrica a Diesel emite ao longo do seu ciclo de vida 866gCO2/kWh.

Em qualquer tecnologia de produção de energia, renováveis ou não, o impacto ambiental, bem como a geração de GEE delas decorrente é tão maior quanto menor for sua eficiência (considerando todo o ciclo de vida). A eficiência energética passa a ter um papel determinante na pegada ambiental de uma tecnologia. Assim, se dobrarmos a eficiência energética de determinada tecnologia, o seu impacto ambiental bem como a emissão de GEE (em [gCO2/KWh]) para a produção de uma mesma quantidade de energia fica reduzida à metade.

Professor Mario Olavo Magno de Carvalho | Consultor da SER
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