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Por que o Gás Natural Veicular – GNV não é mais largamente utilizado como combustível? Embora a queima do metano seja mais amigável ambientalmente que a dos tradicionais combustíveis líquidos, atualmente o GNV (mais de 70% Metano) responde por menos de 2% do combustível veicular no Brasil. A queima do metano emite (0,202kgCO2/kWh), o que corresponde a 80% da emissão de Gases de Efeito Estufa – GEE proporcionada pela queima da mesma quantidade de energia em gasolina (0,249kgCO2/kWh) ou 70% da emissão do óleo Diesel (0,267kgCO2/kWh). De forma geral, quanto menor a cadeia do hidrocarboneto menor a emissão de GEE na sua queima. Contudo, ainda que ambientalmente mais amigável, o combustível gasoso não é de fácil transporte e armazenamento. Isso explica por que o GNV não teve uma expansão mais relevante na matriz energética brasileira ou mesmo mundial.

O Hidrogênio – H2 é ainda mais difícil e caro de se armazenar que o metano, seja por compressão, seja por liquefação criogênica. Pode-se armazenar 156kWh de energia comprimindo metano em um cilindro de 60 litros a 200bar, enquanto apenas 36kWh de H2 pode ser armazenado em igual volume e pressão, isto é, menos de 40% da energia armazenada pelo metano.

Liquefeito a uma temperatura de -162ºC, 25kg de metano, correspondendo a 325kWh de energia, podem ser armazenados em um cilindro de 60 litros termicamente isolado, enquanto o mesmo volume comporta 4,2kg de hidrogênio liquefeito que precisaria ser isolado a -253ºC e conteria apenas 138kWh de energia.

Assim, comprimido a 200bar, o H2 pode armazenar menos de 23% da energia armazenada pelo GNV em um mesmo volume e pressão. Já liquefeito, o H2 guarda menos de 42% da energia armazenada pelo metano liquefeito, com um gasto energético maior e a um custo igualmente mais elevado. Também o transporte do metano seja por dutos ou embarcado é muito mais simples, eficiente, seguro e barato que o do H2.

Esse quadro apresentado permite ainda concluir que não há racionalidade em se aumentar a participação da geração de energia elétrica a partir do Gás Natural – GN para o Sistema Integrado Nacional – SIN, atualmente responsável por 20% dessa geração e se utilizar energia renovável, ou ainda pior, o H2V (obtido por eletrólise com eficiência de 60%) no transporte veicular. Melhor seria dirigir a geração de energia elétrica renovável para o SIN e não para o transporte e aumentar o uso de GNV no setor de transportes.

O argumento de que a geração de energia elétrica a GN se deve à maior flexibilidade proporcionada ao SIN, embora verdadeiro, não compensa a inflexibilidade decorrente da produção  do H2V por eletrólise da água, realizada de forma não intermitente.

Professor Mario Olavo Magno de Carvalho | Consultor da SER

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